Compilação em livro das quatro peças ubuescas de Alfred Jarry (Rei Ubu, Ubu Agrilhoado, Ubu Cornudo e Ubu no Outeiro), traduzidas e anotadas por Luísa Costa Gomes.
Eu vejo o texto de Jarry como um digesto, neste caso particular seria mais apropriado falar em indigesto... Há todo um “conhecimento” que adquirimos na escola em disciplinas fragmentadas que desagua num tipo de enciclopedismo básico e completamente absurdo. O menino Ubu seria ainda uma paródia dos velhos Bouvard e Pécuchet, que Flaubert começou a escrever vinte anos antes e não chegou a publicar. As paródias do enciclopedismo andam no ar do tempo, é o momento positivista da acumulação e organização dos saberes. O que é muito engraçado no texto de Jarry é esse permanente, irrisório e absurdo debitar de conhecimentos, que acabam depois por não ser “conhecimento” porque não estão contextualizados, são palavras de que se desconhece a história, porque a História é uma disciplina que se tem a outra hora do dia. Jarry faz a paródia da catadupa de informação avulsa do ambiente escolar aterrado.
Luísa Costa Gomes – Manual de Leitura UBUs, TNSJ, 2005
Das edições do TNSJ, que incluem um vasto leque de DVDs, CDs e livros que reflectem o empenho desta Casa em disponibilizar o registo de algumas das suas produções, às inovadoras peças de merchandising – construídas com o que em tempos foram materiais de divulgação –, a Loja do Teatro oferece uma diversidade de suportes que são, em grande parte, o prolongar das memórias dos espectáculos apresentados.