O Cerejal é para mim a mais actual das peças de Tchékhov. Com ela, prevê o que iria chegar. As pessoas passam o seu tempo em viagem, em deslocação, tornaram-se apátridas (mesmo estando presas ao seu país…). Desembarcam na sua própria casa como visitantes.
Peter Stein – Mon Tchékhov
[O Cerejal] torna-se algo que pode não somente fazer ora chorar, ora rir, mas sobretudo algo que faz rir e chorar ao mesmo tempo. É daí que nasce uma real emoção pois tem-se a sensação de participar na vida.
Peter Brook – “La cerisaie, une immense vitalité”. Théâtre en Europe, Avr. 1984.
A essência do ritmo tchekhoviano: a corrente alternativa. Aceleração e abrandamento, sem que nenhum triunfe. [Em O Cerejal,] tudo se joga entre o langor do segundo acto e a precipitação desesperada do quarto, entre a efervescência do primeiro acto e o movimento irregular do terceiro. Por causa da polémica antistanislavskiana, a antiga lentidão vê-se hoje banida em favor da velocidade e da aceleração. Assim, acaba-se por sacrificar a dimensão “antonioniana” da obra. A velocidade imposta pelos tempos mais recentes assim como a lentidão de outrora atenuam a alternância de movimentos própria a esta obra eminentemente musical. O Cerejal não tem um ritmo único, mas um ritmo descontrolado, que com os seus ziguezagues testemunha a sincopada agitação que perturba o mundo.
George Banu – Notre Théâtre, La Cerisaie: Cahier de Spectateur
Das edições do TNSJ, que incluem um vasto leque de DVDs, CDs e livros que reflectem o empenho desta Casa em disponibilizar o registo de algumas das suas produções, às inovadoras peças de merchandising – construídas com o que em tempos foram materiais de divulgação –, a Loja do Teatro oferece uma diversidade de suportes que são, em grande parte, o prolongar das memórias dos espectáculos apresentados.