É a primeira tragédia grega produzida de raiz no TNSJ e – num acto que é quase sempre contínuo nesta Casa – é a primeira tragédia grega editada em livro nas nossas colecções de textos dramáticos. Um trânsito com múltiplos sentidos: antes de se fixarem no papel, as palavras traduzidas encontram no palco o seu lugar por excelência de confronto, esclarecimento e depuração. É um trabalho em progresso, um labor comunitário que envolve tradutores, actores e encenadores. No TNSJ, a tradução é sempre o primeiro gesto da encenação, e as palavras impressas em livro transportam essa memória oficinal. Da Antígona de Sófocles digamos apenas que é um clássico absoluto, se por clássico entendermos aquilo que Italo Calvino dizia dos livros que nunca acabam de dizer tudo aquilo que têm para nos dizer. Século após século, Antígona continua a falar-nos dos nossos amores e das nossas revoltas, dos nossos prodígios e das nossas insuficiências, da nossa coragem e da nossa solidão. “Antígona está só”, escreve no prefácio a tradutora. Mas no deficitário panorama da edição portuguesa de obras dramáticas, ela está agora mais bem acompanhada. Depois da Antígona de Maria Helena da Rocha Pereira, podemos dizer, com orgulho e sem preconceito, que conquistámos esta Antígona de Marta Várzeas. Um clássico também é isto: uma obra em permanente e produtivo estado de revisitação.
Das edições do TNSJ, que incluem um vasto leque de DVDs, CDs e livros que reflectem o empenho desta Casa em disponibilizar o registo de algumas das suas produções, às inovadoras peças de merchandising – construídas com o que em tempos foram materiais de divulgação –, a Loja do Teatro oferece uma diversidade de suportes que são, em grande parte, o prolongar das memórias dos espectáculos apresentados.