Número verde: 800 108 675

Comunicados

Desejo Sob os Ulmeiros

O TNSJ apresenta a reposição de Desejo sob os Ulmeiros, obra do nobel norte-americano Eugene O’Neill, com encenação de Nuno Cardoso e tradução de Jorge de Sena. Esta co-produção com o Ao Cabo Teatro e o ACE/Teatro do Bolhão estará em cena de 9 a 18 de Dezembro, de quarta-feira a sábado às 21:30 e domingo às 16:00, no Teatro Carlos Alberto.

O trágico drama, Desejo sob os Ulmeiros (1924), situa-se na oitocentista Nova Inglaterra, narrando a história de velho agricultor, dominador e patriarcal, que escraviza e aterroriza os três filhos. Uma relação familiar que perdura à base do ódio, rancor e desdém, e é inquietada com a chegada da jovem esposa do pai. Uma mulher, sensual e calculista, cujas pulsões trágicas conduzirão todos os personagens ao abismo.

Eugene O’Neill (1888 – 1953) foi o primeiro dramaturgo norte-americano a receber, em 1936, o Prémio Nobel, e vários prémios Pullitzer. Desejo sob os Ulmeiros apoia-se nas memórias da tortuosa história familiar deste autor de origem irlandesa.

Nuno Cardoso encena este drama neo-realista, com raízes na tragédia grega, onde temas como o incesto, o infanticídio e o conflito entre pai e filho, parecem extraídos das peças helénicas.

Convocando Hipólito de Eurípides e Fedra de Racine, esta obra icónica de O’Neill, alude, igualmente, às Sagradas Escrituras, não apenas através das citações bíblicas, mas também das personagens, em carne viva, violentamente apaixonadas e contraditórias.

Citando Léonie Villard, o real em O’Neill “é alargado e aprofundado por uma visão poética do que há de trágico na vida e no destino”.

Uma obra que representa uma América rural, estigmatizada pelo puritanismo religioso, questionando, constantemente, o sonho americano. As memórias sobre Nova Inglaterra de Robert Edmond Jones, colaborador artístico de O’Neill, colocaram em palavras uma definição possível desta peça: “Violenta, apaixonada, sensual, sádica, exaltada, irascível, dura, transcendental, Poe-esca”.

Desejo sob os Ulmeiros foi a última produção estreada na programação 2010-2011 do TNSJ, e regressa, agora, para encerrar o primeiro quadrimestre da nova temporada. Uma peça, traduzida por Jorge de Sena, onde presenciamos ecos literários, religiosos e psicanalíticos.

02/12/2011