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A Voz Humana
O Teatro Nacional São João apresenta o monólogo, A Voz Humana, obra de Jean Cocteau, com interpretação de Emília Silvestre, encenação de Carlos Pimenta e música original dos Dead Combo. Esta co-produção com a Temp d’Images, o São Luiz Teatro Municipal e a Ensemble – Sociedade de Actores poderá ser vista de 18 de Novembro a 4 de Dezembro, de quarta-feira a sábado às 21.30, e ao domingo às 16.00, no palco do TNSJ.
Ansioso, atribulado e desesperado telefonema de despedida de uma mulher abandonada pelo amante, A Voz Humana é um monólogo traiçoeiramente simples e prosaico.
Vaiada na estreia, em 1930, no importante palco do Comédie Française, em Paris, a peça de Jean Cocteau (1889 - 1963) acabou inevitavelmente por florescer, ao ser interpretada por actrizes como Ingrid Bergman, Anna Magnani, Liv Ullmann ou Simone Signoret, e ao tornar-se, por exemplo, o núcleo sensível de A Lei do Desejo de Pedro Almodóvar.
Emília Silvestre assume, entre nós, esta mulher que fala ao telefone com um amante invisível – e inaudível. A actriz fundadora do Ensemble, já interpretou fulgurantes monólogos e solos como O Belo Indiferente, também de Cocteau; o pessoano “Carta da Corcunda para o Serralheiro” de Turismo Infinito e Sombras de Ricardo Pais; a obra Não Eu, de Beckett; ou a Dama d’Água, de Frank McGuinness.
Na peça de Cocteau subsiste o comentário irónico ao aparelho telefónico, que o francês considerava ser uma máquina que modificaria a existência e as relações humanas, e onde a relação presencial daria lugar à frieza e ao afastamento. Passados 80 anos, Carlos Pimenta, acompanhado por Raquel Castro, autora do som e da imagem da produção, questiona o que aconteceu à voz humana, numa contemporaneidade cada vez mais tecnológica. A Voz Humana conta com música original dos afamados Dead Combo, e uma nova tradução do texto por Alexandra Moreira da Silva.
Simultaneamente, na entrada no TNSJ, estará o filme-ensaio Soundwalkers, de Raquel Castro, uma viagem pelos ruídos de que, aparentemente, nem nos damos conta, mas que informam decisivamente a nossa percepção dos espaços que habitamos e em que nos movemos.
02/11/2011