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Dramoletes 2 - Da Xenofobia
O TNSJ apresenta no seu palco Dramoletes 2 – Da Xenofobia, três peças curtas do austríaco Thomas Bernhard, com encenação de Fernando Mora Ramos. Esta produção do Teatro da Rainha estará em cena de 3 a 6 de Novembro, de quinta-feira a sábado às 21:30 e domingo às 16:00.
Os dramoletes seguem a política da concisão máxima, são formas breves e nessa medida concentram, também, no veneno positivo que destilam em doses homeopáticas para cumprirem a finalidade que perseguem: a denúncia do reaparecimento hoje de formas de ideologia nazi.
Num teatro politicamente empenhado, Dramoletes 2 – Da Xenofobia, é o segundo volume de compilações do prestigiado autor Thomas Bernhard, apresentado pelo Teatro da Rainha, depois de Dramoletes 1 – O Coveiro, em 2010.
Estas três peças curtas, que nos levam pelos trilhos do centro de uma Europa que imaginávamos extinta, foram reunidas pelo dramaturgo austríaco, um ano antes da sua morte, em 1988, sob a designação de “Dramolette”.
Segundo o encenador Claus Peymann, Bernhard “ergueu-se contra tudo o que era normalizado ou mesquinho com um sentido infalível do cómico”. Esta é a base de Dramoletes, que tem como ponto de partida a exibição dos comportamentos xenófobos que demonstram como certa normalidade é monstruosa.
Em Match, a mulher de um polícia extenuado põe a nu o seu primarismo de candidata à SS. No Mês de Maria, duas beatas maldizem da presença indesejada de turcos que se aproximam do cemitério, e uma delas, excitada, promete gazeá-los. Gelados coloca em cena dois ministros de Estado alemães e respectivas esposas que, reclinados em cadeirões de praia no Mar do Norte, evocam displicentemente os camaradas mortos na II Guerra Mundial. São assim personagens integradas e religiosos praticantes, mas ideologicamente contaminadas, que vão desfiando ao longo da peça “verdadeiros ataques de xenofobia militante”.
Uma obra que o encenador Fernando Mora Ramos considera teatro político, mas “na sua melhor forma, isto é, teatro não-panfletário, teatro de uma identificação a cru das taras pós-modernas do conservadorismo que, como poder, continua nesta Europa do pós-guerra a governá-la em conúbio com o pior dos fanatismos”.
24/10/2011